Etnoempreendedorismo mantém tradição ancestral viva e abre oportunidades aos povos indígenas do norte do ES
Com o objetivo de reconhecer as tradições, a história e a cultura dos povos originários e, assim, homenageá-los, a Unesco instituiu o dia 9 de agosto como o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data se apresenta também como um alerta à população a respeito dos direitos dos indígenas e da necessidade da promoção e da conscientização sobre a sua inclusão na sociedade.
Um estudo publicado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) no início deste ano aponta que atualmente há 16 localidades indígenas no Espírito Santo. Dessas, 13 (81,2%) estão inseridas majoritariamente em Terras Indígenas, que são espaços oficialmente demarcados. A pesquisa revelou ainda outros dados relevantes como gênero, distribuição geográfica, escolaridade e participação política desses povos, além de apresentar informações sobre as etnias indígenas que habitam o estado e a sua distribuição geográfica. Composta por 14.410 pessoas, a população indígena do Espírito Santo corresponde a 0,4% da população total do estado e conta com um número expressivo de mulheres (51,1%). Grande parte dos indígenas capixabas está concentrada no município de Aracruz, com 51,5% (7.425 pessoas), em 13 aldeias distintas.
Para manter a tradição ancestral viva, as comunidades da região têm buscado compartilhar os saberes tradicionais por meio do etnoempreendedorismo, uma forma de empreendedorismo praticado por grupos étnicos e comunidades tradicionais com o objetivo de gerar renda, valorização cultural e autonomia. Localizada no distrito de Santa Cruz, em Aracruz, a Aldeia Boa Esperança, do povo Guarani, é um belo exemplo dessa vertente do empreendedorismo, que abre a oportunidade para a prática de uma outra atividade de igual valor: o turismo de experiência. Lá, é possível vivenciar um pouco da cultura indígena, conhecer a sua história, participar de atividades tradicionais e degustar um almoço tipicamente indígena. É também durante o passeio que os visitantes têm a oportunidade de conhecer o artesanato indígena, que hoje representa a principal fonte de renda da etnia Guarani.
“Hoje, com a visibilidade que os povos indígenas vêm ganhando, nós estamos conseguindo vender mais o nosso artesanato. E não somente vender, mas também transmitir a importância do empreendedorismo indígena para todos, que vai além de uma ajuda. É uma forma de incentivar as pessoas a produzirem cada vez mais a sua arte sem precisar de sair da sua aldeia para buscar um trabalho fora daqui, principalmente as mulheres, que têm mais dificuldades para encontrar emprego por conta da maternidade”, explica Ará Martins.
Com o intuito de fomentar o processo de inclusão das comunidades indígenas do estado no mercado do empreendedorismo e, assim, contribuir para a preservação da cultura ancestral, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae/ES) atua em parceria com a prefeitura municipal de Aracruz por meio da Sala do Empreendedor ofertando palestras e outras ações de capacitação. “Entre essas formas de apoio à comunidade indígena do estado, recentemente realizamos uma palestra sobre empreendedorismo feminino para as mulheres indígenas e, também, o evento Empodera Mais, que no ano passado foi realizado na aldeia Caierias Velha, local escolhido como forma de valorizar a cultura desses povos e de levar conhecimento ao público sobre a sua história”, conta Roberta Vieira Stoco, analista técnica do Sebrae/ES em Aracruz.
Além da atuação local do Sebrae/ES para o fortalecimento da cultura indígena, a última edição do ESX – Innovation Experience Espírito Santo, realizada em julho deste ano, promoveu um momento de debate sobre empreendedorismo e povos ancestrais na palestra “Empreendedorismo e povos originários: saberes ancestrais, negócios do futuro”, que contou com a participação de duas mulheres indígenas do estado: a cacica Marcela Tupiniquim, da aldeia Pau Brasil, e Ará Martins, representante do povo Guarani da aldeia Boa Esperança, ambas em Aracruz.
Ará Martins é também coordenadora do projeto Nhãdeva Ekuéry, iniciativa que busca difundir a cultura dos povos originários para além da comunidade indígena. Ela, que teve o primeiro contato com o empreendedorismo quando ainda era adolescente – aos 15 anos, deixou a escola formal e criou o Nhãdeva Ekuéry – falou sobre a importância da participação no ESX para levar o conhecimento sobre a cultura indígena às mais de 20 mil pessoas que participaram da feira. “Foi muito importante ter aquele lugar de fala e poder mostrar um pouco sobre a nossa história e sobre como tudo funciona de fato. Por mais que hoje em dia nós tenhamos mais espaço, ainda é muito difícil das pessoas respeitarem a nossa cultura. É do conhecimento que nasce o respeito”.
A inclusão de grupos minorizados e que enfrentam obstáculos estruturais no mundo dos negócios – como mulheres, pessoas negras, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, idosos e a comunidade LGBTQIAP+ – faz parte da essência do Programa Plural, iniciativa que tem a proposta de materializar o compromisso e a relação do Sebrae/ES com a diversidade. Lançado em 2024, o programa coloca em prática uma das grandes missões do Sistema Sebrae: ampliar o empreendedorismo transformador, levando oportunidades a quem mais precisa. Com a ação, o Sebrae/ES apoia iniciativas sociais que promovem o conhecimento, o desenvolvimento e a autonomia e valoriza a pluralidade e a igualdade de oportunidades para todos.
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