Equidade no acesso ao capital pauta debate no Conexão ODS e aponta caminhos para uma economia inclusiva
Garantir que recursos financeiros cheguem de forma justa a toda a população, independentemente de gênero, raça ou classe social, foi o foco de um dos debates da 2ª edição do Conexão ODS. O painel Equidade no Acesso ao Capital contou com o keynote de Nathália Arcuri, CEO do Me Poupe!, e reuniu nomes de peso como Marcel Fukayama, cofundador da Din4mo; Mariana Ribeiro, CEO e cofundadora da Clarice; e Thaís Borges, diretora comercial da Systax, investidora-anjo da Bossainvest e vice-presidente da Anefac. A mediação ficou a cargo de Marcela Fujiy, fundadora e CEO da Be.Labs Aceleradora.
O painel reforçou que democratizar o acesso ao capital não é apenas uma questão financeira, mas também um compromisso ético e estratégico para acelerar a transição rumo a uma economia mais inclusiva e sustentável. Os participantes concordaram que enfrentar as desigualdades nesse acesso é fundamental para construir uma economia sólida, inclusiva e alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Isso passa por reconhecer e combater barreiras estruturais, promover a inclusão financeira e criar mecanismos que facilitem o apoio ao empreendedorismo, como educação financeira.
Nathália Arcuri, jornalista e empresária, se define como “tradutora e intérprete de economês”. Sua motivação para atuar na área surgiu ao descobrir que muitas mulheres vítimas de violência doméstica permanecem em relacionamentos abusivos por dependência financeira. “O uso do dinheiro pode possibilitar a liberdade dessas mulheres”, afirmou.
À frente do Me Poupe!, plataforma de educação financeira de alcance nacional, Nathália oferece conteúdo gratuito nas redes sociais, promove cursos em parceria com outras instituições e mantém um aplicativo que auxilia na organização das finanças pessoais. Recentemente, lançou a “Lojinha Nathalia Arcuri”, com 100% dos lucros revertidos para apoiar mulheres em situação de violência doméstica.
Outra iniciativa de destaque fundada por Nathália é a EllaImpacta, uma facility global de investimentos que busca ampliar o acesso das mulheres ao capital, fortalecendo o empreendedorismo feminino e criando pontes para que os recursos cheguem a quem mais precisa.
No debate, Thaís Borges compartilhou sua trajetória, que começou como operadora de telemarketing e culminou em um cargo executivo em uma empresa da área tributária. Ela destacou que, ao longo da carreira, percebeu o quanto empreendedoras — especialmente as de negócios tradicionais — enfrentam barreiras para obter financiamento. “Vejo paixão tanto em empreendimentos escaláveis, com tecnologia, quanto nos negócios tradicionais, mas o capital não chega para muitas dessas mulheres”, pontuou.
Já Mariana Ribeiro, ao responder sobre quais informações são essenciais para destravar o acesso ao crédito, destacou que percebeu dois fatores recorrentes para alguém prosperar no Brasil: “ou ser homem, ou falar homem sem sotaque”. Para ela, ampliar o acesso ao capital exige também um trabalho profundo — e muitas vezes inconsciente — de revisão das normas sociais que ainda destinam às mulheres um papel restrito ao ambiente doméstico. “Se a gente não conseguir resolver a desigualdade de acesso ao capital, não vai conseguir resolver o resto”, afirmou.
Por sua vez, Marcel Fukayama defendeu que o investimento de impacto precisa romper o conceito de separar retorno financeiro de impacto social ou ambiental. “Diante da emergência que vivemos, todo capital alocado deve estar a serviço do impacto positivo, unindo desenvolvimento econômico e bem-estar social. Não basta gerar lucro de um lado e compensar com ações filantrópicas do outro”, ressaltou. Para ele, é preciso adotar estratégias como o capital híbrido — que combina recursos filantrópicos e comerciais — e consolidar um novo paradigma econômico, reparativo e regenerativo.
Sobre o Conexão ODS
Realizado em sua segunda edição, o Conexão ODS é uma iniciativa voltada ao fortalecimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. O evento articula lideranças empresariais, governos, organizações sociais e o ecossistema de impacto em torno da construção de soluções práticas e colaborativas para os principais desafios globais e locais.
A edição de 2025 acontece de 7 a 9 de agosto, em Natal, com uma programação diversificada que inclui mais de 50 painelistas nacionais e internacionais, hackathon, vivências em comunidades, feira de negócios, atrações culturais e espaços dedicados ao bem-estar, sustentabilidade e inovação social.
O evento é transmitido no canal da SomosUmCE: www.youtube.com/@somosumce